A Prefeitura de Barra dos Coqueiros segue com a decisão de suspender as férias dos servidores municipais em 2024, medida que afeta centenas de trabalhadores e tem gerado indignação. O SINDIBARRA impetrou uma ação judicial para que uma liminar obrigue o município a conceder o direito constitucional das férias, além de buscar uma indenização para os servidores que estão enfrentando prejuízos financeiros e morais devido à suspensão arbitrária.
“É inconcebível que uma gestão que está de saída se permita a este tipo de abuso contra o servidor público. A suspensão de férias só poderia ocorrer em casos de calamidade pública ou emergências de saúde, situações que não se aplicam aqui”, explica Mirlene Andrade, presidenta do SINDIBARRA. “O prefeito Alberto Macedo, derrotado nas urnas, parece estar usando os servidores como alvo de uma retaliação política, e não vamos aceitar isso. Os servidores merecem respeito e dignidade”, defende.
A medida afeta trabalhadores de várias secretarias e setores, muitos dos quais já tinham organizado suas vidas para o período de descanso. É o caso de Rosângela Bispo, que atua na Clínica de Saúde da Família há dois anos e meio e havia planejado uma reforma em sua casa. "Fiquei surpresa. Vi gente comentando em grupos, pensei no tamanho desse absurdo. É como se o prefeito derrotado estivesse descontando sua frustração nos servidores. Não só nos efetivos, mas também nos contratados", desabafa Rosângela.
Com férias agendadas para dezembro, ela conta que precisará mudar completamente os planos para o fim do ano. "Tinha programado uma reforma em casa, que vou precisar suspender porque precisaria acompanhar o serviço. E, na segunda quinzena de dezembro, teria uma viagem que vou ter que cancelar", conta ela, revoltada.
Rosânia Andrade, auxiliar de serviços gerais no hospital municipal há duas décadas, expressa a frustração de ver um direito básico desrespeitado dessa forma pela primeira vez em sua carreira. "Foi uma tristeza receber a notícia. A gente se programa para tirar férias, aí, do nada, vem esse cancelamento. Eu ia visitar meus pais no interior, em Muribeca, minha mãe está doente, e eu queria cuidar dela e passar mais tempo juntos. Ela é cardíaca, tem dificuldades de locomoção, e eu queria estar lá", conta.
REPERCUSSÃO
A suspensão das férias dos servidores públicos de Barra dos Coqueiros repercutiu na imprensa sergipana, evidenciando a indignação dos trabalhadores e do sindicato. Em uma transmissão ao vivo no programa Balanço Geral, da TV Atalaia, ao meio-dia, a equipe de reportagem mostrou a mobilização dos servidores, que se reuniram na porta da prefeitura ao lado da diretoria do SINDIBARRA para protestar contra a medida arbitrária. "Nossa presença na imprensa foi essencial para que a população entenda o desrespeito que estamos enfrentando", destacou Mirlene Andrade, presidenta do SINDIBARRA.
Além da cobertura televisiva, o sindicato concedeu entrevistas a emissoras de rádio, como a Rádio Nova Brasil, detalhando ao jornalista Paulo Sousa os prejuízos causados pela suspensão das férias e reforçando a disposição em buscar justiça. Essa ampla cobertura fez com que o tema ganhasse visibilidade em Sergipe, consolidando o apoio à luta dos servidores e pressionando a gestão a repensar suas ações.
AÇÃO JUDICIAL
A ação judicial movida pelo SINDIBARRA exige não apenas a imediata revogação da suspensão, mas também a reparação das perdas causadas aos servidores que terão seus planos comprometidos. Segundo Mirlene Andrade, o sindicato continua recolhendo documentos de servidores impactados, incluindo comprovantes de passagens, reservas e demais despesas relacionadas às férias que haviam sido programadas.
"Esses trabalhadores não podem arcar sozinhos com os prejuízos de uma decisão unilateral e injusta. Vamos lutar para que o município pague por esse transtorno. Além de ser um direito constitucional, as férias são um tempo de descanso merecido que não pode ser tratado como moeda de troca."
Para o SINDIBARRA, a atitude da prefeitura evidencia um padrão de tratamento desrespeitoso que tem marcado a gestão atual. “Os servidores estão cansados de serem ignorados e tratados como peças descartáveis. Esperamos que a Justiça reconheça a ilegalidade dessa decisão e garanta a eles o direito ao descanso e à dignidade no trabalho”, conclui a presidenta do sindicato.